ENTREVISTA COM: KLEM MACHADO
imagem de minha autoria
' o pecado é apenas uma palavra sinônimo de desejo'
● Desde quando e por que se tornou um escritor (a)?
Boa, Karen! Acredito que isto me acompanhe desde cedo. Desde que aprendi a ler, por
volta de uns cinco ou seis anos de idade, que me encantei com a leitura e, um pouco
mais tarde, com a escrita. Mas gostar de escrever é uma coisa, se tornar escritor é outra
completamente diferente. Levei anos para aprimorar a técnica, desenvolver um estilo,
estas coisas. Outra coisa também é você acreditar que aquele texto que você escreveu
sozinho no quarto, meio que no desabafo, meio que na brincadeira, possa ganhar as
ruas, ou que as pessoas vão gostar, ou não vão rir de você, zombar... E demorei muito
acreditar e me ver como um escritor. Amigos próximos que me incentivaram e me
levaram a saraus onde pude mostrar meu trabalho e passar a crer que tinha algo de
qualidade a dizer.
● Qual seu assunto e/ou gênero preferido para escrever?
Não fico pensando nisto. Na realidade não existe uma fórmula para escrever aquele
conto ou aquela poesia. Cada conto, cada poesia, tem o seu modo peculiar de criação: às
vezes uma palavra serve outras vezes as partes de uma história me acende, aí então não
consigo mais parar. Em relação ao assunto, gosto dos naturais que retratam pessoas do
nosso dia a dia, nossa realidade. Tentei escrever ficção científica (tipo viagens
espaciais), mas não deu muito certo. Desisti.
Se tiver que definir a predileção posso falar que me considero um contista. O conto é
minha paixão.
● Ouve alguma playlist enquanto escreve? Qual?
Sim. Gosto muito de ouvir os clássicos do Heavy Metal: Dio, Sabbath, Iron Maiden,
Judas Priest.
Também ouço os clássicos da MPB como Caetano, Chico
Amo Skank e Jota Quest, Nando Reis, CBJr etc.
A preferência é o metal. Acho mais vibrante.
● Quais inspirações teve?
Este livro, por ser o primeiro, tem muitas características especiais.
1 – Os contos foram escritos aleatoriamente, isto é, um não tinha ligação com o outro
(ao menos conscientemente).
2 – As inspirações ocorriam à medida que conhecia as histórias e as personagens, exceto
o de Pretinha e Manú, que me inspiraram dias, semanas depois de tomar conhecimento
de suas histórias.
3 – Um dia caminhando para o trabalho, foi que me vieram - juntas – as ideias de fazer
um livro e o título. Na noite anterior, repassando os contos foi que percebi que havia
uma unidade entre os contos: A mulher e sua luta por respeito.
● Alguma escrita sua te define? Qual?
Não sei se me define, mas gosto muito deu um poema que fiz para minha filha e depois
vi que era para nós dois, pois somos parecidíssimos:
Não me siga!
Texto original Klem Machado – Poeta o tempo todo.
Não me siga!
É certo mudar a direção.
A qualquer momento,
Sem prévio aviso, sem que nada diga!
Me apraz a dança dos ventos,
No torvelinho diário da rôta rota,
Ora pra sudeste, ora pra boreste,
Eu, sempre folha solta, a mercê dos movimentos.
Não me siga!
Pois periga perder:
O rumo,
O prumo,
O norte,
O destino,
O tino,
Boa sorte!
Para Beatriz E. Vasconcelos.
● Para você, é mais complicado iniciar ou terminar uma leitura? Por quê?
Os dois atos me são caros e difíceis. Hoje em dia ao pegar em um livro e iniciar a leitura
permito-me ir até a quinta ou sexta página, se o escritor não me prender abandono.
Existem livros que são difíceis de terminar, eles se impregnam em nossa pele. É como
se passassem a fazer parte da gente. Um exemplo é Viva o povo brasileiro do escritor
João Ubaldo Ribeiro(escritor baiano falecido em 2014).
● Público alvo que quer escrever, mas ainda não escreveu?
Primeiro gostaria de dizer que estou amando a divulgação deste livro. O público alvo-
que são as mulheres e as pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQ+. Nos saraus é visível o espanto quando elas percebem que o autor é um homem. E um homem que fala contra violência doméstica e feminicídio e respeito à mulher. Estes temas não figuram diretamente no meu livro –
estão implícitos – pois, hoje quando uma mulher resolve ser feliz ou abandonar o
homem que é violento acaba ameaçada, espancada ou assassinada.
Meus dois outros projetos são:
1 – Diário de carnaval (título provisório) – Conto e crônicas - onde relato o dia a dia de
uma escola de samba.
Gostaria de atingir este povo – do qual faço parte – do samba, do morro, do povão que
luta o ano inteiro e tenta esquecer de todo o sofrimento no carnaval.
2 – Abolição (título provisório) – Romance – Romance ambientado no período próximo
ao da abolição da escravatura no Brasil – este já é um público mais amplo: o brasileiro,
a brasilidade e a questão do negro e o preconceito: está sendo difícil de fazer, pois
precisa de muita pesquisa.
● Hábitos de escrita?
Não tenho, Sou totalmente indisciplinado. Como disse na orelha do meu livro:
Considero-me um escritor esforçado e contumaz que vive tentando disciplinar seus
horários e periodicidade para escrever.
● Você vê algum defeito e/ou qualidade tanto nos seus contos quanto na sua escrita?
Acho que qualquer escritor encontra algo, por menor que seja que não lhe agrade. É do
ser humano a busca pela perfeição.
● Em qual lugar prefere escrever?
Em qualquer lugar. Basta ter um bloquinho e uma caneta. Hoje então está muito mais
fácil. Com o advento do celular qualquer lugar é lugar.
● Tem alguma dica para quem pretende começar como escritor (a)?
Escreva, escreva, escreva. Mostre para as pessoas. Frequente saraus. Nos saraus você
terá um termômetro imparcial sobre o valor do teu trabalho. Depois corra atrás para
publicar. Não dê ouvido a quem te disser para não fazer. Realize seu sonho. Pode até
não vender, mas vale a pena a realização pessoal. Não desista. ( Eu a-m-e-i essa resposta, parabéns. Kaah.)
Espero muito que tenham gostado da entrevista com o Klem.
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